Música armorial, antiga e expressões artísticas correlatas.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

MÚSICA ANTIGA DA UFF - A CHANTAR, TROVADORAS MEDIEVAIS

Excelente disco de música antiga (ou antiqua, como muitos gostam de chamar), trabalho dum grupo de artistas brasileiros, da Universidade Federal Fluminense. Ouvi ao Grupo de Música Antiga da UFF, pela primeira vez, com este "A chantar", cujos maravilhosos temas modais me fizeram associar, rapidamente, a música antiga européia com as nossas canções, cantigas nordestinas. Um álbum muito bem gravado e executado; páreo para quaisquer ensembleseuropeus que por aí existem.

Saiba mais sobre o grupo (retirado do blogue oficial, bastante desatualizado - http://musicaantigadauff.zip.net/):

"Idade Média, trovadores, cruzadas, cavaleiros, mosteiros e conventos, peste, renascença, humanismo, grandes navegações, descobrimentos, madrigais comédia del’arte. São imagens que se sobrepõem quando se fala em Música Antiga. Leandro Mendes, Lenora Pinto Mendes, Mário Orlando, Marcio Paes Selles, Virgínia van der Linden, juntos com Peri Santoro e Sonia Leal Wegenast, continuam pesquisando e descobrindo novas formas de levar ao conhecimento do público a música que tanto encantou a Europa ocidental durante quase seis séculos. Ao longo desses anos, os membros do Música Antiga da UFF cruzaram fronteiras e atravessaram o oceano, estudando nos estados unidos e na Europa, especializando-se na linguagem da música medieval e renascentista, adquirindo novos instrumentos, partituras e conhecimentos necessários à qualidade de suas performances. São 22 anos recriando a sonoridade da Idade Média e do Renascimento, sempre buscando entreter o espectador com o encanto e a magia presentes nesse repertório. Desde então, foram mais de 500 concertos por todo o Brasil, trilhas sonoras, vídeo-clips, quatro discos gravados, além da organização de cursos, festivais e feiras renascentistas realizados na Universidade federal Fluminense."

E pra quem acha que a mulher não tinha vez na Idade Média, aqui também há o texto do encarte do CD: http://dci2.ccsa.ufpb.br:8080/jspui/bitstream/123456789/96/1/A%20Chantar%20(Trovadoras%20Medievais).pdf.


Lista de músicas:

1. SALTARELLO (anônimo - Itália, séc. XIV)
2. A CHANTAR M'ER DE SO Q'IEU NO VOLRIA (Beatriz de Dia)
3. LA UITIME ESTAMIE ROYAL (anônimo - França, séc. XIII)
4. AMOURS, U TROP TART ME SUI PRIS (Blanche de Castile)
5. LA SECONDE ESTAMPIE ROYAL (anônimo - França, séc. XIII)
6. MOUT M'ABELIST QUANT JE VOI REVENIR (Maroie de Dregnau de Lille)
7. LA QUINTA ESTAMPIE ROYAL (anônimo - França, séc. XIII)
8. STAMPITA GAETA (anônimo - Itália, séc. XIV)
9. CHANTERAI POR MON CORAIGE (letra atribuída à Dame du Fayel)
10. BELE ODETTE AS FENESTRES SE SIET (anônimo)
11. LA MANFREDINA E LA ROTA (anônimo - Itália, séc. XIV)

Ficha técnica:

Mario Orlando (viele de arco, tambor e prato, rabeca, charamela e coro) - Formado em Matemática pela UFRJ, concluiu o mestrado em Música Medieval e Renascentista pelo Sarah Lawrence College, em l989 (NY - USA). Dirige o grupo especializado em música da renascença - ANONIMUS.

Peri Santoro (flautas, percussão, tenor e coro) - Bacharel em Piano pela Academia Lorenzo Fernandes na classe do Prof. Luís Henrique Senise, Licenciatura em Educação Musical pelo Conservatório Brasileiro de Música, Pós-Graduação em Musicologia pelo Conservatório Brasileiro de Música. Professor de Análise e Percepção musical da faculdade de Música da Universidade Estácio de Sá. Foi membro do conjunto Roberto de Regina e do conjunto de Música Antiga da Rádio MEC, atualmente é membro efetivo do Música Antiga da UFF.

Leandro Mendes (flautas, buzuk, gemshorn, viele de roda e coro) - Graduado em canto pela Universidade Estácio de Sá. Iniciou seus estudos em Flauta Doce em l977, vindo mais tarde cursar a Graduação do mesmo instrumento no Conservatório Brasileiro de Música onde foi aluno de Helder Parente. Estudou ainda no Curso Yan Guest onde fez aperfeiçoamento musical com Mariza Gandelman.

Virgínia van der Linden (viele de roda, címbalos, saltério) - Formada em Canto pela UFRJ, na classe da prof. Diva Abalada, cursou flauta transversa com o prof. Celso Wotzenlogel.

Sonia Leal Wegenast (voz, harpa, darabuka e precussão) - Especializada em técnica vocal e na linguagem Medieval e Renascentista, atuando como convidada do Música Antiga da UFF em vários concertos e gravações, desde 1994, quando da produção do CD "Lope de Vega - Poesias Cantadas", participando também em 1996 da gravação do CD "Cânticos de Amor e Louvor" e em 1998 do CD "Música no tempo das Caravelas".


sexta-feira, 21 de maio de 2010

ELOMAR - DAS BARRANCAS DO RIO GAVIÃO

Mais um do louvável Elomar. Suas fazendas (caatingueiras, sertanejas) lhe trouxeram toda a inspiração para proferir em alto e abençoado tom suas criações de menestrel. Este seu primeiro me impressiona, como um todo, e me enche o peito de melancolia ao soar da "Incelença do amor retirante", como se fosse eu que ouvira, frustrantemente, o grilo violeiro.

Salve, Elomar!



Ficha técnica:

Direção e Produção: Roberto Santana
Técnicos de Gravação: Djalma & Bahia
Estúdio: J.S. Gravações Bahia
Fotos: Jamison Pedra & Sílvio Robatto
Corte: Joaquim Figueira
Todas as composições são de Elomar

Faixas:

01. O Violêro
02. O Pidido
03. Zefinha
04. Incelença do Amor Retirante
05. Joana Flôr Das Alagoas
06. Cantiga de Amigo
07. Cavaleiro do São Joaquim
08. Na Estrada Das Areias de Ouro
09. Retirada
10. Cantada
11. Acalanto
12. Canção Da Catingueira

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terça-feira, 18 de maio de 2010

ANIMA - ESPELHO

Hoje compartilho o último disco da banda Anima (http://www.animamusica.art.br). Conheci-os a partir do seu primeiro: "Espiral do tempo". Músicos duma proposta muito interessante, baseada na música antiga, valorizam instrumentos de época e pesquisa musical. Pra mim, o Anima seria um grupo que canta a história musical brasileira, desde antes do descobrimento (em ambos os lados do atlântico), até a colônia e o que se estabeleceu logo após a mesma.


Às músicas:

1. Santidade - mundano (Tradição oral brasileira - Minas Gerais)
2. Bendito (Tradição oral brasileira)
3. Stella splendens in monte (Anônimo, Espanha, séc. XIV)
4. Dos estrellas le siguen (Manuel Machado)
5. A chantar (Comtessa de Dia, séc. XII)
6. Caleidoscópio - Ricardo Matsuda (Ricardo Matsuda)
7. Engenho novo (Tradição oral brasileira - Rio Grande do Norte e Informada por Chico Antônio)
8. Jongo - tradição oral brasileira (Tradição oral brasileira)
9. Sereia (Tradição oral brasileira - Pará)
10. Beira mar - vinheta (Tradição oral brasileira - Minas Gerais)
11. Lamento - Ricardo Matsuda (Ricardo Matsuda)
12. Casinha pequenina (Tradição oral brasileira - São Paulo)
13. Chominciamento di gioia - aboio (Anônimo, séc. XIV e Tradição oral brasileira)
14. Rosa das rosas (Anônimo, Cantiga de Santa Maria X, séc. XIII - Portugal)
15. Rorate caeli desuper (Canto Gregoriano Is. 45,8; Ps.18)
16. Na hora das horas (Tradição oral brasileira - Paraíba)
17. Viva janeiro (Tradição oral brasileira - Bahia)
18. Beira mar - faixa adicional (Tradição oral brasileira - Minas Gerais)

Ficha técnica:

Dalga Larrondo: percussão
Isa Taube: voz
Luiz Henrique Fiaminghi: rabecas brasileiras
Patricia Gatti: cravo
Ricardo Matsuda: viola brasileira
Valeria Bittar: flautas-doce e yãkwá

Baixe em: http://www.megaupload.com/?d=FD7JNCA3.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

TRÊS CULTURAS - JUDEUS, CRISTÃOS E MUÇULMANOS

Outro arquiteto: Eduardo Paniagua. Este espanhol é um monstro na pesquisa de música antiga, especialmente árabe-andaluza. Toca instrumentos de sopro e percussão e se revelou prodígio gravando quatro discos aos 16 anos. O disco em questão, fruto de uma de suas pesquisas, trata de composições que muito bem retratam a Espanha medieval, então dominada pelos mouros, que se configurou como núcleo europeu de produção científica, filosófica e cultural, graças à vivência conjunta e "harmoniosa" dos povos cristão, muçulmano e judeu. Conta, também, com a participação do famoso alaudista Omar Metioui.

Assim como nosso menestrel das caatingas, Elomar, graças a Deus (Javé, Alá e Javé, com Cristo e Maomé) este Paniagua não se contentou só com os traçados de construções. Boa audição!


Lista de músicas e ficha técnica (retirado do endereço http://www.pneumapaniagua.es - selo Pneuma):

TRES CULTURAS - JUDIOS, CRISTIANOS Y MUSULMANES EN LA ESPAÑA MEDIEVAL

EDUARDO PANIAGUA

1 - KI ESHMERÁ SHABAT - Canción de Shabat de Abraham Ibn Ezra (1089-1167) 3’54”
2 - YA VIENE EL CATIVO - Canción sefardí del Mediterraneo oriental 4’43”
3 - NON ME MORDAS YA HABIBI - Jarcha de la moaxaja nº 8 de Jehuda Halevi (1070-1141) 4’07”
4 - NANI, NANI - Canción de cuna sefardí oriental 5’37”
5 - IODUJÁ RAIONAI - Canción del Shabat de Israel Najara (Safed, siglo XVI) 4’40”

SEFARAD - Dirección EDUARDO PANIAGUA

JORGE ROZEMBLUM - Canto solista, coro, citolón y pandero
AURORA MORENO - Canto solista, coro y tar
LUIS DELGADO - Laúd, zanfona, santur, darbuga, tar y coro
EDUARDO PANIAGUA - Qanun, flautas (fahl, alto, salamilla), y coro

6 al 15 - VIDA Y PEREGRINACIÓN. Música para el Camino de Santiago de Teobaldo I de Navarra (1201–1253), Alfonso X el Sabio (1221–1284) y Códice Calixtino 18’49”

6 - AMOURS ME FAIT COMENCIER 1’51”
Canción de amor de Teobaldo I de Navarra (1201-1253).
Tromba marina, flauta tenor, salterio y címbalos.
7 - FIESTA DE LA CIRCUNCISIÓN 1’40”
Anónimo andalusí en la tradición de Tunez. Maluf,
Laúd, nay, darbuga y tar.
8 - EN QUANTAS GUISAS OS SEUS ACORRER 1’25”
Melodía de la Cantiga 339 de Alfonso X (1221-1284).
Flauta tenor y soprano, zanfona, viola de teclas y tabila.
9 - U ALGUEN A JHESU CRISTO POR SEUS PECADOS NEGAR 1’46”
Melodía de la Cantiga 281 de Alfonso X.
Qanun, salterio, bendir y tar.
10 - A QUE POR NOS SALVAR 2’00”
Melodía de la Cantiga 169 de Alfonso X.
Laúd, fahl, darbuga, tar y címbalos.
11 - GRAN CONFIANÇA NA MADRE DE DEUS 1’58”
Melodía de la Cantiga 268 de Alfonso X.
Flautas pastoriles, panderos, darbuga y qaraqueb.
12 - POIS AOS SEUS QUE AMA DEFENDE TODAVIA 2’11”
Melodía de la Cantiga 264 de Alfonso X.
Dutar, salterio, viola, tromba marina, zanfona, campana y sistro de arena.
13 - DUM PATER FAMILIAS 2’28”
Códice Calixtino. Santiago de Compostela siglo XII.
Flauta tenor, salterio, qanun, viola de teclas, pandero, tar y voces.
14 - COGAUDEANT CATHOLICI 2’00”
Atribuido a Magister Albertus Parisiensis. Códice Calixtino siglo XII.
Flauta soprano, salterio y campanillas.
15 - PHELIPE 1’30”
Debate de Teobaldo I de Navarra.
Cítola, flauta soprano y tenor, salterio, zanfona, darbuga y tar.

LUIS DELGADO - Laúd, dutar, cítola, zanfona, tromba marina, viola de teclas,
darbuga, bendir, pandero, tar, qaraquebs y campanillas
EDUARDO PANIAGUA - Salterio, qanun, flautas soprano, tenor y pastoril, nay,
tromba marina, darbuga, tabila, pandero, tar, sistro de arena, campana y voces

16 - MUWWAL ISBIHÁN - “No todo el que pide felicidad la encuentra” 2’57”
17 - SANÁ Q’AIM WA NISF TAB S-SIKA 7’17”
18 - INSHÁD ISBIHÁN - “Al contemplar no vi a otro amado” Al-Shushtarí (1212-1269) 3’45”

EL ARABÍ SERGHINI - Canto
OMAR METIOUI - Laúd árabe
AHMED AL-GAZI - Viola alto


sábado, 1 de maio de 2010

ELOMAR - NA QUADRADA DAS ÁGUAS PERDIDAS

Salve o menestrel das caatingas! Elomar é artista único e de uma profundidade tão verdadeira que não se pode classificar. Suas músicas são manifestações espontâneas da sua alma e dos espíritos de tudo o que ele canta: dos campos áridos, dos animais e das coisas agrestes, do rio seco, dos intrépidos e sofredores sertanejos. É medieval sem ser europeu; é brasileiro sendo universal. É o Nordeste cantado e tocado em forma atemporal.

“Na quadrada das águas perdidas” é seu segundo álbum, de uma beleza ímpar e sem páreo. Todas as músicas merecem destaque. Ouçamos e nos regozijemos.



Lista de músicas:

01. A Meu deus um Canto Novo
02. Na Quadrada das Águas Perdidas
03. A Pergunta
04. Arrumação
05. Deserança
06. Chula no Terreiro
07. Campo Branco
08. Parcelada (do Auto da Catingueira)
09. Estrela Maga dos Ciganos
10. Função
11. Noite de Santos Reis
12. Cantoria Pastoral
13. O Rapto de Joana do Tarugo
14. Canto de Guerreiro Mongoió
15. Clariô (do Auto da Catingueira)
16. Bespa (do Auto da Catingueira)
17. Dassanta (do Auto da Catingueira)
18. Curvas do Rio
19. Tirana (de O Tropeiro Gonsalin)
20. Puluxias (de O Tropeiro Gonsalin)

Ficha técnica:

Gravação: Alcivando Luz e João Américo
Mixagem: Alcivando Luz
Corte e Montagem: Zorro
Canto e Vilão: Elomar
Flauta: Elena Rodrigues
Violão e Charango: Dércio Marques
Vozes: Dércio Marques, Xangai e Carlos Pita
Direção: Carlos Pita e Dércio Marques
Produção de Agravi: Antônio C. Limonge
Capa: Detalhe de um Óleo de Orlando Celino
Encarte: Prof. Ernani Maurílio
Direção de Arte: Walter O Passos Filho
Estúdio: Seminário de Música da Universidade Federal da Bahia
Todas as composições são de Elomar.

Baixe: http://www.megaupload.com/?d=UJYYFHN0.